sábado, 16 de abril de 2011

Poema de Fernando Pessoa

Poema de Fernando Pessoa

Poema de Fernando Pessoa

Poema de Fernando Pessoa

O Amor (Fernando Pessoa)

O AMOR
Fernando Pessoa
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar. 

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer 

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Fernando Pessoa
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!


Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...



Onde se fala a língua portuguesa?

Com uma pequena excepção - constituída pelo território de Portugal continental e insular (e pelas comunidades emigrantes de França, Canadá, Estados Unidos, etc.) -, a língua portuguesa é falada na zona compreendida entre as duas linhas tropicais. (mapa)
Entre o trópico de Câncer e o Equador encontram-se Cabo Verde, Guiné, Goa e Macau. Nestas regiões, o português é falado por uma parte mais europeizada da população, a par de outras línguas, como os crioulos africanos, o concanim (dialecto do marata) e o cantonês (língua do sul da China). Aí também se encontram Diu e Damão, onde a manutenção do português não está assegurada; mas os crioulos aí desenvolvidos seguirão um processo de desenvolvimento análogo ao que ocorreu no Sri-Lanka e em Malaca. Do outro lado do mundo, na Guiana Holandesa, a província de Surinam alberga uma outra relíquia do passado colonial: o papiamento.
Entre o Equador e o trópico de Capricórnio, o panorama é muito mais amplo e mais complexo. Em São Tomé, português e crioulos mantêm um convívio semelhante ao de Cabo Verde, enquanto em Timor um português de implantação relativamente recente não teve tempo de crioulizar.
Ao lado destas pequenas unidades linguísticas, acham-se os maiores espaços lusofalantes do mundo:
a) o Brasil, país de reduzida variedade dialectal, onde nenhuma outra língua faz concorrência à portuguesa como veículo de comunicação nacional ou regional (ao passo que nos Estados Unidos o inglês reparte essa função com o castelhano e no Canadá com o francês);
b) Angola e Moçambique, onde o português reparte a sua influência com numerosas línguas nacionais e é falado como língua materna por uma parte não maioritária da população. Nestes dois grandes países, a sua importância e as suas perspectivas de futuro vêm-lhe do papel como língua de administração, cultura e ensino, como língua de relação internacional e, principalmente, como língua de relação inter-étnica (papel que, na Guiné-Bissau, por exemplo, cabe ao crioulo).

O que é a língua portuguesa?

O PORTUGUÊS é a língua que os portugueses, os brasileiros, muitos africanos e alguns asiáticos aprendem no berço, reconhecem como património nacional e utilizam como instrumento de comunicação, quer dentro da sua comunidade, quer no relacionamento com as outras comunidades lusofalantes.
Esta língua não dispõe de um território contínuo (mas de vastos territórios separados, em vários continentes) e não é privativa de uma comunidade (mas é sentida como sua, por igual, em comunidades distanciadas). Por isso, apresenta grande diversidade interna, consoante as regiões e os grupos que a usam. Mas, também por isso, é uma das principais línguas internacionais do mundo.
É possível ter percepções diferentes quanto à unidade ou diversidade internas do português, conforme a perpectiva do observador.
Quem se concentrar na língua dos escritores e da escola, colherá uma sensação de unidade.
Quem comparar a língua falada de duas regiões (dialectos) ou grupos sociais (sociolectos) não escapará a uma sensação de diversidade, até mesmo de divisão.


Unidade

Uma língua de cultura como a nossa, portadora de longa história, que serve de matéria prima e é produto de diversas literaturas, instrumento de afirmação mundial de diversas sociedades, não se esgota na descrição do seu sistema linguístico: uma língua como esta vive na história, na sociedade e no mundo.
Tem uma existência que é motivada e condicionada pelos grandes movimentos humanos e, imediatamente, pela existência dos grupos que a falam.
Significa isto que o português falado em Portugal, no Brasil e em África pode continuar a ser sentido como uma única língua enquanto os povos dos vários países lusofalantes sentirem necessidade de laços que os unam. A língua é, porventura, o mais poderoso desses laços.
Diz, a este respeito, o linguista português Eduardo Paiva Raposo:
A realidade da noção de língua portuguesa, aquilo que lhe dá uma dimensão qualitativa para além de um mero estatuto de repositório de variantes, pertence, mais do que ao domínio linguístico, ao domínio da história, da cultura e, em última instância, da política. Na medida em que a percepção destas realidades for variando com o decorrer dos tempos e das gerações, será certamente de esperar, concomitantemente, que a extensão da noção de língua portuguesa varie também. [Algumas observações sobre a noção de "língua portuguesa", Boletim de Filologia, 29, 1984, 592]
Diversidade A diversidade linguística que o português apresenta através do seu enorme espaço pluricontinental é, inevitavelmente, muito grande e certamente vai aumentar com o tempo. Os linguistas acham-se divididos a esse respeito: alguns acham que, já neste momento, o português de Portugal (PE) e o português do Brasil (PB) são línguas diferentes; outros acham que constituem variedades bastante distanciadas dentro de uma mesma língua. Consulte, a este respeito, o Fórum dos Linguistas.